Eles têm o mundo na palma das mãos. Bastam alguns toques no smartphone para que tenham acesso a um universo ilimitado de informações no infinito mundo da internet. Por meio das redes sociais e aplicativos de mensagens, são capazes de se unir e se mobilizar para os mais diferentes propósitos e objetivos. As manifestações que já ocorreram no Brasil, que levaram centenas de milhares de pessoas às ruas, estão aí para provar.
Apesar disso, o interesse dos jovens não chega onde deveria, a política. Faltando apenas 5 meses para as eleições municipais é preocupante saber que quase metade dos brasileiros que poderia votar pela primeira vez em outubro do ano que vem não se interessou sequer em tirar o título de eleitor.
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral, o país tem 3,8 milhões menores de 18 anos aptos a votar, segundo as exigências do sistema eleitoral. Desse total, apenas 2 milhões estão nas estatísticas do eleitorado. Ao restante faltam interesse e convicções políticas, dizem os estudiosos.
Conforme a legislação brasileira, menores de 18 anos não são obrigados a votar, mas há os que optam por iniciar mais cedo sua participação como eleitor. Não se pode, no entanto, culpar os que preferem adiar ao máximo esse envolvimento para o dia em que ele se tornar obrigatório. Casos de corrupção que proliferam nas mais diversas esferas, escândalos, prisões de políticos até então tidos como fichas limpas são alguns dos muitos motivos que levam o jovem a se desiludir com a política, antes mesmo de compreender que ela vai além do que se vê nos corredores dos poderes.
Por outro lado, a aproximação das pessoas com o universo político também contribui para esse afastamento voluntário. Os crimes de corrupção não fazem distinção de currículo, carreira política ou partido e envolveram de A a Z, nomes até então confiáveis que se viram enredados em tramas onde o objetivo comum é um só: enriquecer ilicitamente. Ver alguém que se admira envolvido em escândalos decepcionou muitos jovens. Depois de terem sido abandonados pelos outsiders, não se sentem representados por nenhum dos nomes que até então vêm se apresentando como pré-candidatos.
O desinteresse também pode ser creditado aos próprios políticos, não os que se contaminam pelo que há de pior na política – a ganância extrema – , mas aos que tentam fugir dos respingos de lama e pautam a carreira pelo fazer político. Pouco ou quase nada fazem pelos jovens. Não há propostas, ideias, políticas públicas voltadas para essas pessoas. É uma aridez de projetos que peca pela falta de criatividade, originalidade e bom senso.
É preciso ir além do que já existe, mergulhar no universo dos jovens para compreender como eles pensam, o que querem e como podem ser contemplados. Mas como são um número “inexpressivo” de eleitores, acabam relega- dos a esse quase esquecimento. É preciso ter em mente que os jovens de hoje serão os adultos do futuro e que é o envolvimento na política é imprescindível na construção da cidadania e na consolidação dos princípios democráticos. O tema pode ser abordado das mais diversas formas em casa, em sala de aula, na comunidade onde vivem. Afinal, a política é mais que candidatos fazendo promessas, pedindo votos e desiludindo o eleitor. Política é um tema implícito na vida em sociedade que impacta na vida de todo cidadão. Uma mobilização nacional se faz urgente e necessária.
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